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A Revolução do G-Funk: O Impacto de 'The Chronic' no Hip Hop

  • Foto do escritor: ANDRE BRITO
    ANDRE BRITO
  • 7 de set.
  • 4 min de leitura

Lançado em 15 de dezembro de 1992, The Chronic é o álbum de estreia solo do produtor, rapper e visionário musical Dr. Dre, após sua saída do grupo N.W.A.


Mais do que um simples álbum, The Chronic é um marco cultural que redefiniu o hip hop e estabeleceu os fundamentos do chamado “G-Funk”, um subgênero que mescla Gangsta Rap com melodias suaves e batidas pesadas inspiradas no funk dos anos 70, especialmente de George Clinton e Parliament-Funkadelic.


O título do álbum faz referência à maconha de alta qualidade — um símbolo da cultura da costa oeste dos EUA — e essa temática permeia o disco, junto com relatos cruéis e realistas da vida urbana em Compton, Los Angeles. A produção, assinada majoritariamente por Dre, é o grande destaque: beats densos, baixos marcantes e sintetizadores que criam uma atmosfera inconfundível. Esse estilo se tornaria o padrão ouro do rap da Costa Oeste americana durante boa parte dos anos 90.


The Chronic
The Chronic

Entre os grandes momentos do álbum estão faixas como “Nuthin’ but a ‘G’ Thang”, um clássico instantâneo que apresenta Snoop Doggy Dogg (estreando de forma memorável), e “Let Me Ride”, que rendeu a Dre um Grammy. Cada faixa transborda confiança, agressividade lírica e um domínio técnico raro tanto na produção quanto na entrega vocal.


As participações de artistas como Snoop Dogg, Daz Dillinger, Kurupt, Nate Dogg e The Lady of Rage não apenas enriquecem o álbum, mas ajudaram a lançar suas carreiras. Do ponto de vista lírico, o disco é cru, provocador e sem concessões, abordando temas como violência policial, rivalidades musicais (com ataques diretos à Eazy-E e à Ruthless Records), misoginia e orgulho de rua. Embora controverso e criticado por certos conteúdos, The Chronic é inegavelmente autêntico em sua visão e representação.


The Chronic é mais que um álbum de rap — é um documento histórico do hip hop e um divisor de águas na música pop americana. Ele consolidou Dr. Dre como um dos produtores mais influentes de todos os tempos e pavimentou o caminho para uma nova geração de artistas. Um clássico absoluto, que continua relevante tanto pelo impacto sonoro quanto pela sua importância cultural.


Faixas


  1. The Chronic (Intro)

  2. Fuck Wit Dre Day (And Everybody’s Celebratin’)

  3. Let Me Ride

  4. The Day the Niggaz Took over

  5. Nuthin’ but a “G” Thang

  6. Deeez Nuuuts

  7. Lil’ Ghetto Boy

  8. A Nigga Witta Gun

  9. Rat-tat-tat-tat

  10. The $20 Sack Pyramid

  11. Lyrical Gangbang

  12. High Powered

  13. The Doctor’s Office

  14. Stranded on Death Row

  15. The Roach (The Chronic Outro)

  16. Bitches Ain’t Shit


“Nuthin’ but a ‘G’ Thang” – Dr. Dre feat. Snoop Doggy Dogg

Lançada como o primeiro single de The Chronic em 1992, “Nuthin’ but a ‘G’ Thang” é muito mais do que uma faixa de destaque no álbum — ela representa um momento decisivo para o rap da Costa Oeste e, particularmente, para a consolidação do G-Funk como força dominante nos anos 90.


Produção e sonoridade

A produção assinada por Dr. Dre é uma aula de minimalismo e sofisticação. Baseada no sample de “I Wanna Do Something Freaky to You” de Leon Haywood (1975), a faixa constrói sua atmosfera relaxada a partir de linhas de baixo suaves, sintetizadores melódicos e um groove desacelerado que desafia o BPM acelerado do rap da Costa Leste. Dre cria uma batida que é ao mesmo tempo relaxante e carregada de atitude — a trilha sonora perfeita para os “lowriders” e dias ensolarados em Los Angeles. É um exemplo emblemático de como Dre sabia usar samples antigos de funk e soul para criar um som moderno, coeso e imediatamente cativante.


Letras e performance

A química entre Dr. Dre e um jovem Snoop Doggy Dogg é o verdadeiro motor da faixa. Snoop, com seu flow arrastado, confiante e carismático, contrasta perfeitamente com a entrega mais direta e segura de Dre. A letra gira em torno da celebração da vida “gangsta”, da música e do estilo da West Coast, sem necessariamente cair na agressividade extrema de outras faixas do álbum.


Versos como:

“And you don’t quit, I think they in the mood for another one of those G hits…”

e o refrão:

“It’s like this and like that and like this and uh / It’s like that and like this and like that and uh…”

mostram uma estrutura leve, quase lúdica, mas com uma cadência impecável. A entrega vocal e o jogo de palavras fazem com que a música seja incrivelmente memorável, mesmo sem depender de refrões melódicos ou rimas complexas.


Impacto cultural

“Nuthin’ but a ‘G’ Thang” foi um divisor de águas. O videoclipe, que mostrava Snoop e Dre em um típico churrasco de bairro em L.A., ajudou a humanizar a figura do “gangsta rapper” e, ao mesmo tempo, a torná-lo mais aspiracional para o público jovem da época. A música atingiu o número 2 na Billboard Hot 100 e foi fundamental para a explosão da Death Row Records como potência do rap.


Além disso, a faixa lançou Snoop Dogg ao estrelato imediato — ele se tornaria uma das maiores figuras do hip hop, e sua estreia solo, Doggystyle (1993), também produzida por Dre, seguiria o caminho pavimentado por essa colaboração.


“Nuthin’ but a ‘G’ Thang” é um clássico incontestável. Sua combinação perfeita de produção, flow, carisma e estilo a torna uma das faixas mais influentes do rap dos anos 90. É uma celebração do estilo de vida da Costa Oeste, da musicalidade do funk setentista e do talento visionário de Dr. Dre como arquiteto de uma nova era sonora. Mais do que uma música, é um marco cultural.


Vídeo oficial do single “Nuthin’ but a ‘G’ Thang”

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