Carcereiros, de Drauzio Varella

ANDRE BRITO
11 de set.
2 min de leitura

O mais recente livro de Drauzio Varella é bom. Não tão bom quanto Estação Carandiru, que, diga-se de passagem, é anos-luz melhor do que o filme Carandiru. Aliás...

Sempre prefira os livros aos filmes.

Em Carcereiros, o doutor Drauzio relata seu relacionamento com aqueles que são responsáveis por “guardar” os criminosos nas cadeias. Mostra o lado sujo da profissão. Mostra também as agruras e perigos pelos quais esses profissionais são obrigados a enfrentar ao aceitarem o encargo de domar as feras que são enjauladas pelo Estado.

Carcereiros não tem o grande trunfo de Estação, a linguagem povoada de gírias dos presos, que Varella optou por manter, a fim de dar autenticidade à narrativa e que funciona muito bem. Mas o livro mais novo de Varella traz reflexões sobre o caos que é o sistema prisional. Nele conhecemos também um doutor mais humano, que não se faz de rogado em pronunciar alguns palavrões e contar algumas histórias engraçadas passadas por ele e por aqueles que aprendeu a admirar.

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Com a leitura de Carcereiros, desfaz-se aquela dúvida que o leitor pudesse ter sobre a possível admiração de Varella aos criminosos presos que porventura o leitor pudesse ter formado após Estação Carandiru. O doutor não aprova a conduta dos presos, mas sente-se compadecido em relação a algumas situações injustas. Mas não deixa de tecer algumas críticas, tanto ao sistema, quanto ao distorcido código de ética dos presos, que punem com a morte as faltas dos companheiros de cela, muitas delas, banais aos nossos olhos.

Carcereiros é o segundo livro da Trilogia Carandiru. O livro chegou às livrarias no dia 1º de outubro de 2012, um dia antes de o massacre do Carandiru completar duas décadas. Para completar a trilogia, Drauzio lançou também o livro “Presidiárias”, que conta as histórias de detentas da Penitenciária Feminina de São Paulo, que sofrem mais do que seus pares masculinos.